Banco Central acalma os "inflacionistas", aumentando Selic em 25 pontos-base.

Nós gritamos, leitor, e não é que deu certo? Após um amontoado de artigos, entrevistas e discussões sobre o fato de a inflação estar em ascenção no Brasil, o Banco Central resolveu aumentar a taxa básica de juros, a Selic, em 25 pontos-base. Desse modo, após uma "parada técnica" que durou três reuniões, ele muda o curso da política monetária, que estava sendo dado pela inflexão da fatídica reunião de 31 de agosto de 2011. Hoje, é mais claro que o processo de redução da Selic de 12,5% para 7,25% não engendrou - como queria a equipe econômica - os estímulos anticíclicos que se esperava, muito em função do elevado endividamento das famílias.

No comunicado divulgado após a reunião, a autoridade monetária resumiu assim a justificativa do aumento:

"O Copom decidiu elevar a taxa Selic para 7,50% a.a., sem viés, por seis votos a favor e dois votos pela manutenção da taxa Selic em 7,25% a.a. O Comitê avalia que o nível elevado da inflação e a dispersão de aumentos de preços, entre outros fatores, contribuem para que a inflação mostre resistência e ensejam uma resposta da política monetária. Por outro lado, o Copom pondera que incertezas internas e, principalmente, externas cercam o cenário prospectivo para a inflação e recomendam que a política monetária seja administrada com cautela".

Você pode achar que isso seja uma vitória dos "inflacionistas", adjetivo pejorativo cunhado pelo terno de brilhantes economistas que auxilia a nossa Dama de Ferro - Delfim Neto, Belluzzo e Nakano. Mas, não se trata disso. Se, de fato, o governo estivesse preocupado com a inflação, esse aumento já teria vindo há mais tempo. Isto porque, como sabem os economistas que leram alguma coisa sobre a "ciência monetária" nos últimos 20 anos, a atuação da política monetária se dá de forma prospectiva. Em outros termos, ela deve antecipar movimentos dos agentes econômicos, de forma a balizá-los na trajetória que a convém - nesse caso para o centro da meta de inflação.

Comportamento completamente distinto, portanto, é um movimento reativo, isto é, quando a política monetária passa a reagir a pressões inflacionárias ao invés de se antecipar a elas. Ao tomar esse tipo de postura, o Banco Central não apenas compromete a convergência da inflação efetiva para a meta, como de quebra também perde credibilidade perante os agentes econômicos.

Você pode achar que isso é coisa de gente que não olha a realidade, dado que o PIB de 2012 cresceu míseros 0,9% em relação ao ano anterior. Se você pensa assim, você deveria verificar os dados do mercado de trabalho, que ensejam uma distensão entre produtividade e crescimento da massa salarial. Mas, se mesmo assim você ficar reticente, acredito que a difusão do aumento de preços - na casa dos 70% - lhe faça perceber que a inflação é algo que não se administra: se combate.

Para fechar, eu honestamente não acho que esse aumento indique uma maior preocupação com o processo inflacionário. Como faço crer no título do artigo, me parece que tal mudança foi apenas para acalmar os "inflacionistas". Isso me é mais nítido quando eu lembro que na semana passada o trio ternura abaixo foi visitar a nossa Dama de Ferro...

conselheiros

 

E você, leitor, o que acha disso tudo?

Compartilhe esse artigo

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email
Print

Comente o que achou desse artigo

Outros artigos relacionados

Como usar automação com Python e IA na análise de ações

No cenário atual, profissionais de finanças buscam formas mais rápidas, eficientes e precisas para analisar dados e tomar decisões. Uma das grandes revoluções para isso é o uso combinado de Python, automação e modelos de linguagem grande (LLMs), como o Google Gemini. O dashboard que criamos é um ótimo exemplo prático dessa integração, reunindo dados, cálculos, visualizações e análise textual em um único ambiente.

Análise de ações com IA - um guia inicial

Neste artigo, você vai aprender a integrar IA na análise de ações de forma automatizada utilizando Python. Ao final, você terá um pipeline completo capaz de coletar dados de mercado, gerar gráficos, elaborar relatórios com linguagem natural.

Quais são as ferramentas de IA?

Um aspecto crucial dos Agentes de IA é a sua capacidade de tomar ações, que acontecem por meio do uso de Ferramentas (Tools). Neste artigo, vamos aprender o que são Tools, como defini-las de forma eficaz e como integrá-las ao seu Agente por meio da System Prompt. Ao fornecer as Tools certas para o seu Agente — e ao descrever claramente como essas Tools funcionam — você pode aumentar drasticamente o que sua IA é capaz de realizar.

Boletim AM

Receba diretamente em seu e-mail gratuitamente nossas promoções especiais e conteúdos exclusivos sobre Análise de Dados!

Boletim AM

Receba diretamente em seu e-mail gratuitamente nossas promoções especiais e conteúdos exclusivos sobre Análise de Dados!

como podemos ajudar?

Preencha os seus dados abaixo e fale conosco no WhatsApp

Boletim AM

Preencha o formulário abaixo para receber nossos boletins semanais diretamente em seu e-mail.