Boletim Focus, macroprudenciais e a trajetória da Selic.

O Focus indicou que a inflação para 2012 aumentou para 5,58%, após o resultado de 0,6% registrado em novembro. Reavaliação também para o crescimento do PIB, após o pífio resultado do terceiro trimestre: as estimativas foram revistas para 1,03% (meu número está em 1,1%). Mas o que mais me deixa curioso é que os agentes já vem o desequilíbrio do crescimento brasileiro, como apontado semanas neste blog aqui. isto é, se você cresce sem levar em conta estoque de capital, qualificação da mão de obra e produtividade total de fatores, o organismo econômico certamente corrigirá o percurso.

As formas tradicionais de correção são mais inflaçãomais déficit em conta corrente. Pois bem, o boletim Focus já trabalha com inflação de 5,4% em 2013 e com déficit em conta corrente de US$ 65 bilhões. O detalhe é que i) o crescimento esperado é de 3,5% (mais deve cair ao longo das próximas semanas); ii) a expectativa de IED é de US$ 60 bilhões. Ou seja, será a primeira vez nos últimos anos que o IED não compensará o déficit em conta corrente. Deveremos, portanto, recorrer ao investimento em carteira para fechar o balanço de pagamentos.

Ademais, seja em 2012, seja em 2013, o mercado trabalha com uma banda para a taxa de câmbio, no intervalo de 2 R$/US$ e 2,10 R$/US$. A questão: com menor entrada de IED, será possível manter esse câmbio "estável"?  É algo a perguntar ao modelo. Outro detalhe interessante é que os agentes econômicos não estão precificando mudança na taxa Selic, i.e., ela continua em 7,25% até o fim de 2013.

Em particular, acho que o mercado está com a ata 155 na cabeça, quando a autoridade monetária diz claramente que:

“O Comitê ressalta que há certa equivalência entre ações macroprudenciais e ações convencionais de política monetária”

Isto significa que se o crescimento da economia se fortalecer além de 4% - coisa que a gente não acredita - as ações macroprudenciais serão utilizadas antes de qualquer movimento na taxa básica de juros. Pergunta: isso é ou não flexibilização do regime de metas?

O boletim Focus de hoje pode ser consultado aqui.

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