No mercado e mesmo na parte corporativa da academia - aqueles professores e faculdades que prestam algum tipo de consultoria, como o Ibre/FGV - era consensualmente aceito que a atual taxa de juros neutra da economia brasileira situava-se no intervalo entre 4,5% e 5,5%. Essa referência era dada por um estudo do FMI de outubro de 2012, entre diferentes métodos de estimação. Atualmente, a taxa de juros real está bem próxima disso: pela média do swap pré-DI 360 de abril, deflacionada pela expectativa para o IPCA 12 meses a frente, o juro real ficou em 5,1%. A Selic deflacionada ficou em 4,6%. Ou seja, bem próximas ao limite inferior da "zona de juro neutro". Ocorre que, como sabe o estudante de economia, a taxa de juros neutra, aquela que não pressiona a inflação, muda ao longo do tempo. Desse modo, em estudo publicado esse mês por dois membros do mesmo FMI, a taxa neutra situa-se entre 3% e 4%. Como o Banco Central vem comunicando desde o ano passado sua intenção em parar o atual ciclo de contração - algo que deve fazer na quarta-feira - é muito provável que essa seja sua própria referência para a taxa neutra brasileira. Se é assim, a política monetária já estaria em zona de contração há alguns meses. Faltou apenas combinar com as expectativas. O artigo antigo aqui e o novo aqui.